A desigualdade de gênero é uma realidade presente até mesmo no esporte, onde as mulheres tem menos participação e oportunidades, e também baixa salarial comparado aos salários de atletas masculinos.
A participação feminina nos esportes sempre foi repleta de lutas e desafios, ocasionados pela falta de incentivo. Essa fala pode parecer arcaica e ultrapassada, mas comentários do tipo "mulher não entende disso", "a competição masculina é muito melhor" ou até "mulher só participa para chamar atenção" são falas ainda atuais. Infelizmente esse tipo de pensamento gera influência sobre as competições femininas, criando uma grande desvantagem e desigualdade esportiva.
Um exemplo ofensivo de como as mulheres sempre foram excluídas do esporte se encontra na história olímpica. A olímpiadas surgiu na Grécia por volta de 776 a.C., onde as mulheres não podiam se quer assistir aos jogos. Só em 1896 conseguiram o direito de assistir as competições, e com protestos em 1900 puderam enfim participar como atletas.
No Brasil, a situação era ainda pior pois existia uma lei que proibia a participação feminina em esportes no geral, principalmente no futebol - a "paixão nacional" com limitação de gênero. De acordo com o Decreto-Lei n.º 3.199, de 14 de abril de 1941, que estabeleceu as bases de organização dos desportos em todo o país na época:
“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país” (Art. 54)
A lei foi revogada em 1979, somente 38 anos depois da proibição.
Ao acreditar que hoje em dia a situação está igualitária para os dois lados é ilusão, existe uma diferença gritante nos investimentos em atletas/times/equipes femininas comparado a equipes masculinas. Isso se reflete também na torcida e no acompanhamento dos esportes. Em 2021 a jogadora da seleção brasileira Bia Zaneratto, atualmente atleta do Palmeiras fez um desabafo em seu instagram revelando a desigualdade de forma crua e real. Bia revelou que:
... Vocês sabiam que os gastos totais de um time de feminino em 2021 são em média 100 mil reais, valor menor do que o investimento de um único jogador o futebol masculino em 1980? E que nos anos 80 o recorde de um jogo masculino foi de 161 mil torcedores enquanto no futebol feminino até 2021 o recorde foi 28 mil pessoas? Pois é, parece que estamos presas nos anos 80 né?
O conflito que é viver em uma época onde a tecnologia avança todos os dias, e princípios morais de igualdade são deixados de lado. Sabemos que infelizmente a luta pela inclusão da mulher é extensa e de longa data, mas no esporte essa discussão não é levada como prioridade. No fim, atletas homens se sobressaem simplesmente por serem homens.
Por persistência e determinação, felizmente encontramos mulheres apaixonadas pelo esporte e que não desistem. Nomes se destacam pelo talento e perseverança, como por exemplo: Marta, a melhor e maior jogadora de futebol de todos os tempos, que tem mais gols pela seleção brasileira que Pelé e Neymar. Ou Hortência, a melhor atleta do basquete nacional que fez história. Como não citar Rayssa Leal, que com 14 anos coleciona títulos no Skate, indo contra todo preconceito de gênero e de idade. E tantos outros nomes de relevância que não deixaram a estrutura machista as pararem.
O esporte feminino respira pelo amor, pois investimentos são poucos. Acaba se tornando um loop infinito, pois sem investimento, resultados relevantes se tornam difíceis, as mídias não transmitem pois o torcedor não se interessa, e o torcedor não se interessa porquê não vê bons resultados consequência de poucos investimentos e divulgação.
Para solucionar tantos problemas, medidas de equidades dentro das competições precisam ser tomadas. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a COB (Comitê Olímpico do Brasil) procuram ações para alavancar as mulheres não só como atletas, mas também como treinadoras, coordenadoras, diretoras e tantas outras funções encarecidas dentro da esportividade feminina.
Esperamos a igualdade e o respeito de gênero dentro e fora do esporte. Feliz dia das mulheres!
Escrito por Juliana Araújo
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