"Botar a faixa branca e viver novos desafios" Judoca explica motivos da decisão e diz que pretende seguir atuando na modalidade fora dos tatames.
Imagem: Gaspar Nóbrega/COB
Uma trajetória de superação, que se tornou uma carreira vitoriosa no judô. Agora, chegou a hora de pendurar os quimonos. Maria Portela, uma das principais judocas do Brasil neste século, decidiu se aposentar, aos 35 anos, depois de inúmeras conquistas na categoria peso médio (70kg).
Da fazenda no interior do Rio Grande do Sul, onde nasceu, aos muitos títulos e prêmios internacionais no esporte, foram vários os percalços. Mas, tal qual fazia com as adversárias, Maria Portela superou o que fosse preciso para seguir em frente e se consolidar como uma vencedora no judô.
"Eu vivi muito intensamente a minha carreira como atleta de alto rendimento e chegou o momento de encerrar essa etapa. Não ter conseguido o resultado no último Mundial, depois passar por lesões, cirurgia, os altos e baixos, enfim, um conjunto de situações que foram me levando a tomar essa decisão. Agora, eu vejo que preciso botar a faixa branca de novo e viver novos desafios", explicou.
Maria Portela começou no judô aos 9 anos de idade, por meio de um projeto social na escola em Santa Maria, sua cidade natal. A partir daí, nunca mais deixou o esporte. Fez o que foi preciso em meio às dificuldades - inclusive trabalhar como babá na adolescência - para seguir nos tatames. Lugar no qual ela vai seguir, mesmo aposentada.
"Eu tenho muito a aprender, mas não quero sair de tudo o que esporte me proporcionou. Como atleta, é um dever repassar isso. Eu me vislumbro uma treinadora, por exemplo. Fiz, recentemente, um curso em coaching, uma mentoria que vai trabalhar as questões emocionais porque eu vivi esse processo como atleta, de saber como resolver os problemas internos para performar. Estou pronta para os desafios e muito motivada para o desconhecido. Isso me traz a certeza de que concluí o ciclo como atleta de alto rendimento", contou.
Maria Portela encerra uma carreira mais do que vitoriosa. Foram três Jogos Olímpicos disputados (Londres 2012, Rio 2016 e Tóqui 2020), duas medalhas de bronze em Jogos Pan-Americanos, além de muitas outras conquistas em Mundiais e colocações expressivas nos rankings internacionais em mais de 15 anos representando a seleção brasileira.
"As experiências olímpicas foram muito marcantes, tanto o mais dolorido, que foi Londres, quanto o que me trouxe a satisfação de dever cumprido, que foi Tóquio. Mas, o título do World Masters, pela forma como eu conduzi aquele dia, como eu controlei as emoções, foi muito marcante. O bronze no Grand Slam de Tóquio também, por ser o Grand Slam de Tóquio e por ter me dado ali a classificação para os Jogos do Rio", lembrou.
Depois de tudo isso - e também de algumas lesões - chegou a hora de descansar. Um descanso mais do que merecido para alguém que representou tão bem o Brasil no mundo inteiro durante tantos anos.
Relembre as principais conquistas de Maria Portela:
Ouro World Masters São Petersburgo 2017
2 medalhas em Mundiais por Equipes Feminina (1 prata e 1 bronze)
3 medalhas em Mundiais por Equipes Mistas (1 prata e 2 bronzes)
7 medalhas em Campeonatos Pan-Americanos (2 ouros, 3 pratas e 2 bronzes)
Medalha de ouro World Masters (São Petersburgo 2017)
2 medalhas em Jogos Pan-Americanos (bronzes em Guadalajara 2011 e Toronto 2015)
11 medalhas em Grand Slam (3 ouros, 3 pratas e 5 bronzes)
10 medalhas em Grand Prix (2 ouros, 3 pratas e 5 bronzes)
13 medalhas em Continental Open (1 ouro, 7 pratas e 5 bronzes)
Tricampeã Mundial Militar (Rio de Janeiro 2011, Astana 2013 e Mungyeong 2015)
Número 1 do Ranking Mundial IJF 2018
Referência
Comitê Olímpico do Brasil - COB
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